domingo, 31 de maio de 2015

Lágrimas Ocultas

Se me ponho a cismar em outras eras
Em que rí e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi outras esferas,
Parece-me que foi numa outra vida...

E a minha triste boca dolorida
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!

E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja de marfim...

E as lágrimas que choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as vê cair dentro de mim!

Florbela Espanca


sábado, 30 de maio de 2015

Joana D`Arc

Joana D’arc nasceu em França em 1412 e morreu em 1431. Foi uma importante personagem da história francesa, durante a Guerra dos Cem Anos (1337-1453), quando o seu país enfrentou a rival Inglaterra. Joana D’arc foi canonizada em 1920.

A história da vida desta heroína francesa é marcada por factos trágicos. Quando era criança, presenciou o assassinato de membros da sua família por soldados ingleses que invadiram a vila onde morava. Com 13 anos de idade, começou a ter visões e a receber mensagens, que ela dizia ser dos santos Miguel, Catarina e Margarida. Nestas mensagens, ela era orientada a entrar para o exército francês e ajudar o seu reino na guerra contra a Inglaterra. 

Motivada pelas mensagens, cortou o cabelo bem curto, vestiu-se de homem e começou a fazer treino militar. Foi aceite no exército francês, chegando a comandar tropas. As suas vitórias importantes e o reconhecimento que ganhou do rei Carlos VII despertaram a inveja noutros líderes militares da França. Estes começaram a conspirar e diminuíram o apoio a Joana D’arc.

Em 1430, durante uma batalha em Paris, foi ferida e capturada pelos borgonheses que a venderam aos ingleses. Foi acusada de praticar feitiçaria, devido às suas visões, e condenada a morte na fogueira. Foi queimada viva na cidade de Rouen, em 1431.


sexta-feira, 29 de maio de 2015

O Positivismo

O Positivismo é uma corrente de pensamento filosófico, sociológico e político que surgiu em meados do século XIX em França. A principal ideia do positivismo é a de que o conhecimento científico devia ser reconhecido como o único conhecimento verdadeiro.
O principal idealizador do movimento positivista foi o pensador francês Auguste Comte (1798-1857), ganhando destaque internacional entre a segunda metade do século XIX e o início do XX. Segundo o positivismo, as superstições, religiões e demais ensinos teológicos devem ser ignorados, pois não colaboram para o desenvolvimento da humanidade.

De acordo com os princípios de Comte, as primeiras ideias do que viria a ser o Positivismo surgiram como uma ramificação do Iluminismo, a partir das crises sociais que explodiram na Europa no fim da Idade Média e com a chamada "sociedade industrial", marcada pela Revolução Francesa.

quinta-feira, 28 de maio de 2015

Grito negro


Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.


Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz 
mas eternamente não, patrão.


Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.


Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração 
arder até às cinzas da maldição 
arder vivo como alcatrão, meu irmão, 
até não ser mais a tua mina, patrão.


Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.

José Craveirinha


domingo, 24 de maio de 2015

Heliocentrismo

Heliocentrismo é uma teoria da astrologia que demonstra cientificamente que o Sol é o centro do Sistema Solar. Foi o astrónomo grego Aristarco de Samos que apresentou pela primeira vez, no século III A.C., esta teoria.

Porém, foi o astrónomo Nicolau Copérnico (no século XVI) e, posteriormente, Galileu Galilei (no século XVII) que desenvolveram e deram sustentação científica para a teoria heliocêntrica. Este último astrónomo conseguiu provar a teoria graças às observações feitas com o uso do telescópio.

Na época do Renascimento Cultural e Científico (séculos XVI e XVII), a Igreja Católica ainda controlava a produção cultural e científica, e defendia a teoria do Geocentrismo (Terra como centro do Universo). Por defender o heliocentrismo, Galileu Galilei foi condenado pelo Santo Ofício. Prestes a ser queimado na fogueira da Inquisição, Galileu negou a teoria diante do tribunal, com o objetivo de se livrar da morte. Porém, continuou pesquisando e acreditando no heliocentrismo.

sexta-feira, 22 de maio de 2015

Jean Valjean

Uma das personagens principais da obra "Os Miseráveis", de Victor Hugo, Jean Valjean é condenado por roubar um pão e posto em liberdade após dezanove anos de prisão. Rejeitado pela sociedade por ser um ex-presidiário, o Bispo Myriel muda a sua vida. Ele assume uma nova identidade para seguir uma vida honesta, tornando-se proprietário de uma fábrica e autarca. Ele adota e cria a filha de Fantine, Cosette, salva Marius da barricada e morre com uma idade avançada.

domingo, 17 de maio de 2015

Casablanca

Durante a Segunda Guerra Mundial, muitos fugitivos tentavam escapar dos nazis por uma rota que passava pela cidade de Casablanca. O exilado americano Rick Blaine (Humphrey Bogart) encontrou refúgio na cidade, dirigindo uma das principais casas noturnas da região. Clandestinamente, tentando despistar o Capitão Renault (Claude Rains), ele ajuda refugiados, possibilitando que eles fujam para os Estados Unidos. Quando um casal pede a sua ajuda para deixar o país, ele reencontra uma grande paixão do passado, a bela Ilsa (Ingrid Bergman). Este amor vai encontrar uma nova vida e eles vão lutar para fugir juntos.

sábado, 16 de maio de 2015

A Casa

A tua voz é vegetal e eleva-se com o vento.
Quero demorá-la, fazer dela uma casa
ou um tronco. Que seja a minha noite
com um ardor de eternidade. E a sabedoria
de estar entre plantas tranquilas.
Tudo estará comigo perto de uma nascente
e eu mover-me-ei entre noturnas veias
e sobre as pedras lisas.
Vejo os barcos da sombra entre as constelações
e estou perto, estou perto. A minha casa é aqui.


ANTÓNIO RAMOS ROSA, O Não e o Sim (1990)

sexta-feira, 15 de maio de 2015

Pormenores de um crime

Quatro membros da PIDE viajaram de Lisboa a 12 de fevereiro num Renault Caravelle, que pertencia a Agostinho Tienza, e num Opel Record verde-escuro, de Ernesto Lopes. Quando chegaram à fronteira com Espanha trocaram as matrículas. 
Entraram em Espanha com passaportes falsos. Rosa Casaco assumiu a identidade de um guatemalteco; Casimiro Monteiro, de um habitante da ilha de Jersey, no Canal da Mancha.
No porta-bagagens de um dos carros levariam uma corda, uma manta e um saco de cal viva. 
No local do crime, em Olivença, encontraram-se cinco cartuchos usados, três balas por disparar e uma quarta disparada e deformada. Eram todas da marca Gevelot e pertenceriam à arma de Humberto Delgado.

domingo, 10 de maio de 2015

Direito

Negar ao povo os seus direitos humanos é pôr em causa a sua humanidade. Impor-lhes uma vida miserável de fome e privação é desumanizá-lo.

Nelson Mandela

sábado, 9 de maio de 2015

Afonso da Maia

Provavelmente o personagem mais simpático do romance "Os Maias", e aquele que Eça de Queirós mais valorizou. Não se lhe conhecem defeitos. É um homem de carácter culto e requintado nos gostos. Enquanto jovem adere aos ideais do Liberalismo e é obrigado, pelo seu pai, a sair de casa; instala-se em Inglaterra mas, falecido o pai, regressa a Lisboa para casar com Maria Eduarda Runa. Dedica a sua vida ao neto Carlos. Já velho passa o tempo em conversas com os amigos, lendo com o seu gato – Reverendo Bonifácio – aos pés, opinando sobre a necessidade de renovação do país. É generoso para com os amigos e os necessitados. Ama a natureza e o que é pobre e fraco. Tem altos e firmes princípios morais. Morre de uma apoplexia, quando descobre os amores incestuosos dos seus netos. É o símbolo do velho Portugal que contrasta com o novo Portugal – o da Regeneração – cheio de defeitos. É o sonho de um Portugal impossível por falta de homens capazes.

sexta-feira, 8 de maio de 2015

Os Távoras

A origem dos Távoras é tão antiga como a nacionalidade. Todos os marqueses de Távora são descendentes de Afonso Henriques e alguns genealogistas asseguram que o nome descende de Ramiro II, filho do rei de Leão.
Fizeram ao longo dos séculos alianças poderosas e casamentos de interesse que lhes asseguraram um lugar permanente no topo da hierarquia social portuguesa e uma proximidade especial com os monarcas. Valeu-lhes uma política restritiva de casamentos entre alta nobreza com o objetivo de assegurar a chamada "limpeza do sangue".
Há 255 anos, a importante família dos Távora atravessava o período mais negro da sua existência, podemos dizer mesmo, um momento verdadeiramente dramático, que levaria à execução de várias sentenças de morte, talvez as mais polémicas que Portugal alguma vez conheceu, quiçá injustas e vingativas, sobre vários membros da família dos Távora, decidida durante o "império pombalino".
Estava uma manhã fria, enevoada, e em Belém, à beira Tejo, o vento frio não afastava os mirones que queriam assistir à execução sumária da família mais poderosa do país. Eram 9.00 da manhã quando subiu ao cadafalso D. Leonor, marquesa de Távora. Era uma mulher snobe e fria de feitio irascível e com manias de superioridade. Antes de se entregar às mãos do seu carrasco, disse alto e bom som: "Deus permita que saibam todos morrer como quem são." E foi imediatamente decepada num só golpe. Seguiram-se José Maria Távora, conde de Atouguia, e Luís Bernardo de Távora, cuja mulher era amante do rei. Depois, o marquês suplicou clemência, mas mesmo assim partiram-lhe as pernas e os braços e terminaram-lhe o sofrimento com um garrote.
Às quatro da tarde, não restava um Távora vivo em Belém. Para terminar, os seus corpos foram cobertos de alcatrão e queimados. Nesse dia 13 de janeiro de 1759, o nome Távora era tão malvisto que o chão por baixo do cadafalso onde morreram foi salgado para que ali nada nascesse, nem sequer uma erva daninha. Os seus bens foram "nacionalizados" pelo reino.
Para assegurar a extinção total dos Távoras, os mais novos, que escaparam à morte, foram encarcerados nos conventos de Chelas e Rilhafoles.
O nome Távora ainda hoje é sinónimo de drama, crime e intriga. Ao contrário dos planos do marquês de Pombal, a família não foi extinta e hoje existem centenas de Távoras em Portugal.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Quina e Estina

Da rudeza nobre da terra brotam os génios difíceis de gente forte. Quina e Estina, personagens de "A Sibila", de Agustina Bessa-Luís, são duas faces duma mesma alma, ambas duras, uma clarividente, a outra propícia a sofrimentos calados. Cedo conheceram as vias árduas do destino, sempre marcadas pela efemeridade, pela necessidade de não se apegarem àquilo que não podem conservar junto a si. Perderam um irmão, testemunharam as dores da sua mãe, traída por um homem galanteador, o pai das duas, que também cedo partiria. A própria Quina tem a sua vida em risco na juventude. Mas é Estina quem sofre as mais duras perdas, talvez por ser a mais fraca, a que mais deseja acreditar na possibilidade do amor. Primeiro é abandonada pelo homem que ama. Depois vê morrer, um após outro, todos os seus filhos. E é no seu estóico sofrimento que Estina vence Quina. Estina conhece o amor, Quina nunca o conseguirá.

domingo, 3 de maio de 2015

O Poder

Quem seja a causa de alguém se tornar poderoso, desgraça-se a si próprio: pois esse poder é produzido por si quer através de engenho quer de força; e ambos são suspeitos para aquele que subiu à posição de poder.

Maquiavel

sábado, 2 de maio de 2015

Conhecimento

Pouco conhecimento faz com que as pessoas se sintam orgulhosas. Muito conhecimento, que se sintam humildes. É assim que as espigas sem grãos erguem desdenhosamente a cabeça para o Céu, enquanto que as cheias as baixam para a terra, sua mãe.

Leonardo da Vinci

sexta-feira, 1 de maio de 2015

1º de Maio

1 de maio é o Dia do Trabalhador, data da primeira manifestação de 500 mil trabalhadores nas ruas de Chicago e numa greve geral em todos os Estados Unidos, em 1886. Três anos depois, em 1891, o Congresso Operário Internacional convocou, em França, uma manifestação anual, em homenagem às lutas sindicais de Chicago. A primeira acabou com 10 mortos, em consequência da intervenção policial. São os factos históricos que transformaram 1 de maio no Dia do Trabalhador. Até 1886, os trabalhadores jamais pensaram exigir seus direitos, apenas trabalhavam.
Em Portugal, os trabalhadores assinalaram o 1.º de Maio logo em 1890, o primeiro ano da sua realização internacional. Mas as ações do Dia do Trabalhador limitavam-se inicialmente a alguns piqueniques de confraternização, com discursos pelo meio, e a algumas romagens aos cemitérios em homenagem aos operários e ativistas caídos na luta pelos seus direitos laborais.
Com as alterações qualitativas assumidas pelo sindicalismo português no fim da Monarquia, ao longo da 1ª República transformou-se num sindicalismo reivindicativo, consolidado e ampliado. O 1.º de Maio adquiriu também características de ação de massas. Até que, em 1919, após algumas das mais gloriosas lutas do sindicalismo e dos trabalhadores portugueses, foi conquistada e consagrada na lei a jornada de oito horas para os trabalhadores do comércio e da indústria.
Mesmo no Estado Novo, os portugueses souberam tornear os obstáculos do regime à expressão das liberdades. As greves e as manifestações realizadas em 1962, um ano após o início da guerra colonial em Angola, são provavelmente as mais relevantes e carregadas de simbolismo. Nesse período, apesar das proibições e da repressão, houve manifestações dos pescadores, dos corticeiros, dos telefonistas, dos bancários, dos trabalhadores da Carris e da CUF. No dia 1 de Maio, em Lisboa, manifestaram-se 100 000 pessoas, no Porto 20 000 e em Setúbal, 5000.
Ficarão, como marco indelével na história do operariado português, as revoltas dos assalariados agrícolas dos campos do Alentejo, que tiveram o seu grande impulso no 1.º de Maio de 62. Mais de 200 mil operários agrícolas, que até então trabalhavam de sol a sol, participaram nas greves realizadas e impuseram aos agrários e ao governo de Salazar a jornada de oito horas de trabalho diário.
Claro que  o 1.º de Maio mais extraordinário realizado até hoje, em Portugal, com direito a destaque certo na história, foi o que se se realizou oito dias depois do 25 de Abril de 1974.