Da
rudeza nobre da terra brotam os génios difíceis de gente forte.
Quina e Estina, personagens de "A Sibila", de Agustina Bessa-Luís, são duas faces duma mesma alma, ambas duras, uma
clarividente, a outra propícia a sofrimentos calados. Cedo
conheceram as vias árduas do destino, sempre marcadas pela
efemeridade, pela necessidade de não se apegarem àquilo que não
podem conservar junto a si. Perderam um irmão, testemunharam as
dores da sua mãe, traída por um homem galanteador, o pai das duas,
que também cedo partiria. A própria Quina tem a sua vida em risco
na juventude. Mas é Estina quem sofre as mais duras perdas, talvez
por ser a mais fraca, a que mais deseja acreditar na possibilidade do
amor. Primeiro é abandonada pelo homem que ama. Depois vê morrer,
um após outro, todos os seus filhos. E é no seu estóico sofrimento
que Estina vence Quina. Estina conhece o amor, Quina nunca o
conseguirá.
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