quinta-feira, 28 de maio de 2015

Grito negro


Eu sou carvão!
E tu arrancas-me brutalmente do chão
e fazes-me tua mina, patrão.


Eu sou carvão!
E tu acendes-me, patrão,
para te servir eternamente como força motriz 
mas eternamente não, patrão.


Eu sou carvão
e tenho que arder sim;
queimar tudo com a força da minha combustão.


Eu sou carvão;
tenho que arder na exploração 
arder até às cinzas da maldição 
arder vivo como alcatrão, meu irmão, 
até não ser mais a tua mina, patrão.


Eu sou carvão.
Tenho que arder
Queimar tudo com o fogo da minha combustão.
Sim!
Eu sou o teu carvão, patrão.

José Craveirinha


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