quarta-feira, 30 de abril de 2014

Malala Yousafzai

Quando os Talibãs tomaram o controlo do vale do Swat, uma menina levantou a voz. Malala Yousafzai recusou-se a permanecer em silêncio e lutou pelo seu direito à educação. Mas em 9 de outubro de 2012, uma terça-feira, ela quase pagou o preço com a vida. 
Malala foi atingida na cabeça por um tiro à queima-roupa dentro do autocarro no qual voltava da escola. Poucos acreditaram que ela sobreviveria.
Mas a recuperação milagrosa de Malala levou-a numa viagem extraordinária de um vale remoto no norte do Paquistão para as salas das Nações Unidas em Nova York. Aos dezasseis anos, ela tornou-se um símbolo global de protesto pacífico e a candidata mais jovem da história a receber o Prémio Nobel da Paz.


segunda-feira, 28 de abril de 2014

Soneto do amor e da morte

quando eu morrer murmura esta canção
que escrevo para ti. quando eu morrer
fica junto de mim, não queiras ver
as aves pardas do anoitecer
a revoar na minha solidão.

quando eu morrer segura a minha mão,
põe os olhos nos meus se puder ser,
se inda neles a luz esmorecer,
e diz do nosso amor como se não

tivesse de acabar, sempre a doer,
sempre a doer de tanta perfeição
que ao deixar de bater-me o coração
fique por nós o teu inda a bater,
quando eu morrer segura a minha mão.

Vasco Graça Moura, in "Antologia dos Sessenta Anos"

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Poesia de Amor

Sossegue! 
O amor é isso que você está vendo:
hoje beija, amanhã não beija, 
depois de amanhã é domingo 
e segunda-feira ninguém sabe o que será.

Carlos Drummomd de Andrade

domingo, 20 de abril de 2014

sábado, 19 de abril de 2014

Hanna

Hanna é uma rapariga de 16 anos, inteligente, decidida e filha dedicada. No entanto, tem também a força, destreza e inteligência de um soldado, fruto da educação que o seu pai Erik, um ex-agente da CIA, lhe proporcionou no Norte da Finlândia. Erik ensinou a filha a caçar, movimentos e técnicas de defesa, mas o ensino escolar foi baseado numa enciclopédia e num livro de histórias. Hanna tem vivido de forma única, diferente de todas as outras adolescentes, e o seu treino fez com que ela se tornasse na assassina perfeita. No entanto, existem assuntos por tratar, relacionados com a sua família, e Erik percebeu que já não conseguirá manter Hanna afastada do resto do Mundo. É então que a vida da rapariga sofre uma grande mudança: é separada do pai e inicia uma missão para a qual sempre esteve destinada. Mas, antes de se encontrar em Berlim com Erik, Hanna é capturada por uma equipa de agentes especiais, liderados por Marissa Wiegler, uma agente com ligação a Erik e Hanna...

Personagem principal do filme Hanna, de Joe Wright 

sexta-feira, 18 de abril de 2014

Judah Ben-Hur

Judah Ben-Hur vivia no início do século primeiro como um príncipe e mercante judeu de Jerusalém. Quando o seu velho amigo Messala é escolhido pelo governador para ser o oficial comandante de uma das legiões romanas, Judah ficou feliz. Mas com o passar do tempo, as visões políticas dos dois amigos divergem e eles acabam por se separar. Ben-Hur então come o pão que o diabo amassou, sofrendo o máximo que um ser humano pode aguentar. Messala condena Ben-Hur a viver como escravo numa galera romana, mesmo sabendo da inocência do ex-amigo Após uma bem sucedida corrida de bigas, ele começa a vingar-se dos que destruíram a sua vida e a da sua família.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Ausência de espontaneidade

"A mais profunda da nossa fisionomia histórica é a ausência de qualquer espontaneidade no nosso desenvolvimento social. Toda a feição importante na nossa história vem imposta de cima, cada nova ideia foi importada..."
Peter Tchaadayev, Carta filosófica, 1829

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Escuta a minha voz


Escuta a minha voz falando do meu tempo
E diz-me quantos dias terei p'ra te cantar

Escuta a minha voz neste verso lamento
Gerando melodias, apenas p'ra te dar

Escuta a minha alma soluçando um poema
Escrito pela fé de quem não vai parar
Escuta a minha alma neste bonito tema
Que quase ninguém lê, e ninguém vai calar

Escuta a minha voz, escuta a minha mente
E escuta também a voz do paraíso
Eu canto para nós, a cor do sol poente
E vejo mais além a cor do teu sorriso

José Fernandes Castro



terça-feira, 15 de abril de 2014

Mafalda de Saboia

Era filha de Amadeu III, conde de Saboia, e da condessa Mafalda de Albon. 

O casamento com o nosso monarca, D. Afonso Henriques,  foi provavelmente em 1146. O certo é que só em julho desse ano figura nos diplomas públicos o nome da soberana.
Da vida da rainha pouco se sabe, mas fica a ideia que não teria muito bom feitio, não sendo bom o seu relacionamento com o prior de Santa Cruz, S.Teotónio.
Um dos conflitos relatados, aponta a sua teimosia em pretender visitar os claustro interiores do mosteiro de Santa Cruz, que Teotónio terá recusado, para não infringir as regras do mosteiro.
Algumas considerações românticas insistem em atribuir à vida desta Rainha um certo estigma de infelicidade pela vivência que o marido lhe proporcionou. Veio encontrar um marido que amava outra mulher e já tinha dela dois filhos e esses desgostos amorosos causados pelo marido, ter-lhe-ão torturado o espírito, que fez azedar-lhe o feitio.

Foi mãe de sete filhos e sentou no trono Sancho I. Faleceu com cerca de trinta anos, a 3 de dezembro de 1157, na sequência do parto da infanta D. Sancha.
Está sepultada em Santa Cruz de Coimbra junto do marido.

segunda-feira, 14 de abril de 2014

Estou triste

Eu não preciso chorar para mostrar que estou triste. Nem gritar para dizer que sinto dor. Muito menos sorrir para Deus e o mundo para provar que sou feliz. Não preciso aparentar para ser, demonstrar para estar. O meu mundo acontece aqui dentro. E ele não é menor ou maior que o teu: é simplesmente o meu. Ele é meu com todas as letras, ele é meu em cada palavra, com todos os silêncios, com todos os incêndios. Eu ouvi o meu choro, eu escutei o meu grito, eu senti a minha dor e eu gargalhei em paz sem precisar invadir o teu mundo com coisas tão minhas, com coisas tão lindas, com coisas tão findas que se repetem infinitamente aqui dentro.
António (adaptado)


domingo, 13 de abril de 2014

O Beijo

O beijo que selava o compromisso de noivado surgiu na Roma Antiga e garantia à mulher os direitos jurídicos determinados pelo Império.

quinta-feira, 10 de abril de 2014

Bernarda Alba

Com a voz empostada e uma frieza calculada, Bernarda usa a mão de ferro para controlar a família. Depois da morte do marido, a matriarca decreta um luto de oito anos para as cinco filhas sob o olhar crítico das duas criadas. O aparecimento de um homem, interessado em casar-se com uma delas, desestabiliza a família. Mesmo nunca presente em cena, esta personagem torna-se responsável pelo conflito instaurado.
A peça comprova o quanto as dores, ansiedades e desafios das mulheres seguem intemporais.
Personagem da obra A Casa de Bernarda Alba, de Federico García Lorca 

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Charco

se chover na madrugada em que eu procuro o meu caminho
será vaga a nostalgia que outro charco faz viver
a canção lânguida e lenta de quem vai devagarinho
em cada charco uma mágoa que não se pode esquecer

tenho ideias que não tenho, sentimentos que não sinto
sou imagem de outra imagem que se fez não sei de quê
procuro a minha rota, descobrindo que não minto
e o que minto atiro fora para nascer outra vez

não sou forte nem sou pedra nem sou muro levantado
nem sou obra que se erga pouco a pouco, tempo afora
antes sou como uma ideia que se despe do passado
uma planta enraizada na sina da sua hora

se chover na madrugada em que eu procuro o meu caminho
e eu cair em cada charco mas seguir por onde vou
deixarei de olhar no rio de todos mas tão baixinho
porque é mais profundo o charco onde o que beijo é o que sou
Mafalda Veiga


terça-feira, 8 de abril de 2014

Brás Cubas

Brás Cubas é o protagonista do livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas" , de Machado de Assis, publicado em 1881. Nasceu legítimo representante da fina flor da elite brasileira do século XIX. Relativamente culto, elegante e refinado era o que havia de mais sofisticado na sociedade oitocentista. Na sua outra face, ele é sovina, preconceituoso e egoísta.

Desde cedo ostentava o apelido de "menino diabo" e já dava mostras da índole perversa partindo a cabeça das escravas quando não era atendido nos seus desejos, ou montando o menino Prudêncio, que fazia de cavalo. O menino, fruto de uma criação permissiva, prendia rabos de papel nas pessoas, escondia os chapéus das visitas, dava beliscões nas matronas e cresceu dando mostras do seu génio indócil.

Brás Cubas herdou a fatuidade do pai, da mãe guarda uma sombra de melancolia e do restante da família o amor pelas aparências, a vulgaridade, a frouxidão da vontade e os caprichos. Para ele, o pai vaticinava um futuro brilhante, fosse no que fosse. O grande futuro não veio, mas sim um talento imensurável para viver a vida tirando dela o melhor proveito para si.

Ainda jovem, apaixonou-se por uma espanhola de má reputação. A primeira - que durou quinze meses - de uma série de relações descartáveis, o que levou o pai a enviá-lo para Portugal a fim de prosseguir estudos em Coimbra , onde os filhos das famílias abastadas viravam bacharéis. Em Portugal, Brás ganha fama de folião, superficial e petulante. Regressa ao Brasil levando o diploma de bacharel e o desejo de acotovelar quem se atravessasse no caminho.

Personagem de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis

segunda-feira, 7 de abril de 2014

Eu

Eu sou a que no mundo anda perdida,
Eu sou a que na vida não tem norte,
Sou a irmã do Sonho, e desta sorte
Sou a crucificada ... a dolorida ...

Sombra de névoa ténue e esvaecida,
E que o destino amargo, triste e forte,
Impele brutalmente para a morte!
Alma de luto sempre incompreendida! ...

Sou aquela que passa e ninguém vê ...
Sou a que chamam triste sem o ser ...
Sou a que chora sem saber porquê ...

Sou talvez a visão que Alguém sonhou,
Alguém que veio ao mundo pra me ver
E que nunca na vida me encontrou!


Florbela Espanca, in Livro de Mágoas


domingo, 6 de abril de 2014

Annabel Lee

Personagem do poema "Annabel Lee", considerado o segundo poema mais conhecido de Poe. O poema explora a morte de uma encantadora e bela mulher, que, para a geração de Poe, seria a coisa mais sublime possível. Vale lembrar que ele considera o tema como “o mais poético assunto do mundo”, pois existem várias facetas para se abordar, tanto a morte, quanto a beleza, o amor e a loucura. 

Personagem do poema Annabel Lee, de Edgar Allan Poe

sábado, 5 de abril de 2014

Catarina Eufémia

Resistente ao regime de Salazar, Catarina Eufémia foi uma ceifeira alentejana, analfabeta, morta a tiro durante uma greve contra o Estado Novo, a 19 de maio de 1954, com um dos seus três filhos ao colo. Transformou-se num símbolo da luta dos trabalhadores.
A história de Catarina Eufémia é a melhor personificação da resistência ao regime de Salazar. É uma história terna, que entristece, que representa o combate à opressão. A vida de Catarina foi marcada pela luta e pelo trabalho. A sua morte representa a face mais negra de uma ditadura.
A vida e morte de Catarina Eufémia acabaram eternizadas pela História, cantadas por Zeca Afonso, contadas pelos poemas de Sophia de Mello Breyner, Carlos Aboim Inglez, Eduardo Valente da Fonseca, Francisco Miguel Duarte, José Carlos Ary dos Santos, Maria Luísa Vilão Palma e António Vicente Campinas.


terça-feira, 1 de abril de 2014

A um ausente

Tenho razão de sentir saudade
tenho razão de te recusar.
Houve um pacto implícito que rompeste
e sem te despedires foste embora.
Detonaste o pacto.
Detonaste a vida geral, a comum aquiescência
de viver e explorar os rumos de obscuridade
sem prazo sem consulta sem provocação
até o limite das folhas caídas na hora de cair.

Carlos Drummond de Andrade