Protagonista em "Amor de Perdição", de Camilo Castelo Branco, menina de 15 anos que se apaixona por Simão, também sai adquirindo
densidade heroica ao longo da obra: firme e resoluta no seu amor,
ela mantém-se inflexível perante os pedidos, as ameaças, as atrocidades e violências cometidas pelo pai severo e
autoritário, que pretende casá-la com o primo ou transformá-la
em freira. Neste sentido, a obstinação que a caracteriza é a mesma
presente em Simão, com a diferença de que nela o heroismo consiste
não em agir, mas em reagir. Isto por pertencer ao sexo feminino,
símbolo da fragilidade e da passividade perante o carácter viril,
másculo, quase selvagem do homem romântico. Na medida em que não
faz o jogo do pai, dando a vida pelo sentimento que a possui, Teresa
constitui uma heroína romântica típica, um exemplo da imagem da
mulher anjo que vigorou no Romantismo.
segunda-feira, 29 de junho de 2015
domingo, 28 de junho de 2015
Maria Monforte
Personagem de "Os Maias", de Eça de Queirós. Era extremamente bela e sensual. Tinha os cabelos loiros, "a testa
curta e clássica, o colo ebúrneo".
Foi vítima da literatura romântica e daqui deriva o seu carácter
pobre, excêntrico e excessivo. Costumavam chamar-lhe negreira porque
o seu pai levara, noutros tempos, cargas de negros para o Brasil,
Havana e Nova Orleans. Apaixonou-se por Pedro e casou com ele. Desse
casamento nasceram dois filhos.
Mais
tarde foge com o napolitano, Tancredo, levando consigo a filha, Maria
Eduarda, e abandonando o marido e o filho - Carlos Eduardo.
Leviana
e imoral, foi, em parte, a culpada de todas as desgraças da família
Maia. Fê-lo por amor, não por maldade. Morto Tancredo, num duelo,
leva uma vida dissipada e morre quase na miséria.
Deixa
um cofre a um conhecido português - o democrata Guimarães - com
documentos que poderiam identificar a filha a quem nunca revelou as
origens.
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sábado, 27 de junho de 2015
Conquista
Livre
não sou, que nem a própria vida
Mo consente.
Mo consente.
Mas
a minha aguerrida
Teimosia
É
quebrar dia a dia
Um
grilhão da corrente.
Livre
não sou, mas quero a liberdade.
Trago-a
dentro de mim como um destino.
E
vão lá desdizer o sonho do menino
Que
se afogou e flutua
Entre
nenúfares de serenidade
Depois
de ter a lua!
Miguel
Torga, in Cântico do Homem
sexta-feira, 26 de junho de 2015
Quadrillha
João
amava Teresa que amava Raimundo
que
amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que
não amava ninguém.
João
foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo
morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim
suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que
não tinha entrado na história.
Carlos Drummond de Andrade
quarta-feira, 24 de junho de 2015
Pablo Picasso
O
artista espanhol Pablo Picasso (25/10/1881-8/4/1973) destacou-se em
diversas áreas das artes plásticas: pintura, escultura, artes
gráficas e cerâmica. Picasso é considerado um dos mais importantes
artistas plásticos do século XX.
Nasceu
na cidade espanhola de Málaga. Fez os seus estudos na cidade de
Barcelona, porém trabalhou, principalmente em França. Desde a infância que o seu talento
para o desenho e artes plásticas começou a dar nas vistas.
As suas
obras podem ser divididas em várias fases, de acordo com a
valorização de certas cores. A fase Azul (1901-1904) foi o período com predomínio dos tons de azul. Nesta fase, o artista dá uma
atenção toda especial aos elementos marginalizados pela sociedade.
Na Fase Rosa (1905-1907), as cores rosa e vermelho predominam e as suas
obras ganham uma conotação lírica. Recebe influência do artista
Cézanne e desenvolve o estilo artístico conhecido como cubismo. O
marco inicial deste período é a obra "Les Demoiselles d'Avignon" (1907), cuja característica principal é a decomposição da
realidade humana.
Em
1937, no auge da Guerra Civil Espanhola ( 1936-1939), pinta o seu mural
mais conhecido: "Guernica". Esta obra já pertence ao expressionismo e
mostra a violência e o massacre sofridos pela população da cidade
de Guernica.
Na
década de 1940, volta ao passado e pinta diversos quadros retomando
as temáticas do início da sua carreira. Neste período, passa a
dedicar-se a outras áreas das artes plásticas: escultura, gravação
e cerâmica. Já na década de 1960, começa a pintar obras de arte de outros artistas famosos: "Le Déjeuner sur l´herbe" de Manet e "Las
Meninas" do artista plástico Velázquez, são exemplos deste período.
Já
com 87 anos, Picasso realiza diversas gravuras, retomando momentos da
juventude. Nesta última fase da sua vida, aborda as seguintes
temáticas: a alegria do circo, o teatro, as tradicionais touradas e
muitas passagens marcadas pelo erotismo. Morreu em 1973 numa região
perto de Cannes, em França.
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terça-feira, 23 de junho de 2015
Exposição do Mundo Português
A
23 de junho de 1940, enquanto grande parte da Europa se vê envolvida
na II Grande Guerra, é inaugurada, em Portugal, a Exposição do
Mundo Português. Situada entre a margem direita do rio Tejo e o
Mosteiro dos Jerónimos, a exposição ocupava cerca de 560 mil
metros quadrados. Toda a zona foi reformulada urbanisticamente.
Tendo por núcleo a Praça do Império, era lateralmente ladeada por
dois grandes pavilhões, longitudinais e perpendiculares ao Mosteiro, o Pavilhão de Honra e de Lisboa, e, do outro lado, o Pavilhão dos
Portugueses no Mundo. Edificado sobre «lugares santos onde nasceu
sobre um punhado de areia o Império», como afirmaria, no discurso
inaugural, Augusto de Castro, Comissário Geral da Exposição, este
evento, encerraria a 2 de dezembro de 1940, tendo sido visitado por
cerca de três milhões de pessoas. Foi o maior acontecimento levado
a cabo pelo regime do Estado Novo, regime esse que sofreria a sua
primeira crise política passados quatro anos, com o fim da Segunda
Guerra Mundial e com a derrota de Hitler e Mussolini, com quem
Salazar se identificava ideologicamente.
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segunda-feira, 22 de junho de 2015
Dúvida
Um
filme profundo sobre a fé e a perda dela, sobre convicções e
dúvidas, sobre pecado e virtude, sobre inocência e
malícia. Realizado por John
Patrick Shanley, destacam-se as interpretações
de Meryl Streep e Philip Seymour Hoffman.
Um
ano depois do assassinato de
John F. Kennedy, uma comunidade católica do Bronx, em Nova Iorque, une-se ao redor da Igreja de Saint Nicholas. A congregação
vive uma época de conflito entre a visão moderna de um padre e a
conduta tradicionalista da freira que dirige a escola de Saint
Nicholas. Líder inspirado, o padre Brendan Flynn (Philip Seymour
Hoffman) é visto com desconfiança pela freira Aloysius Beauvier
(Meryl Streep), especialmente depois de um sermão dele que tinha a
dúvida como tema principal. Semeando pontos de interrogação entre
as freiras da congregação, ela pede para que a Irmã James (Amy
Adams) fique de olho nas ações do padre e, consequentemente,
dos alunos que frequentam a aula de História por ela ministrada. A
partir de uma observação da jovem freira, a Irmã Aloysius
empreende uma cruzada para saber a verdade sobre o padre, tentando
comprovar a sua teoria de que ele estaria a seduzir um jovem negro da
escola.
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domingo, 21 de junho de 2015
Maquiavel
Nasceu
em Florença, em 1469, e morreu na mesma cidade, em 1527.
Foi
um historiador, poeta, diplomata e músico italiano do Renascimento. É
reconhecido como fundador do pensamento e da ciência
política moderna, pelo
facto de ter escrito sobre o Estado e
o governo como
realmente são e não como deveriam ser. Os recentes estudos do autor
e da sua obra admitem que seu pensamento foi mal interpretado
historicamente.
Desde
as primeiras críticas, feitas postumamente pelo cardeal
inglês Reginald
Pole, as
opiniões, muitas vezes contraditórias, acumularam-se, de forma que
o adjetivo maquiavélico,
criado a partir do seu nome, significa esperteza, astúcia,
aleivosia, maldade.
Maquiavel
viveu a juventude sob o esplendor político da República
Florentina durante
o governo de Lourenço
de Médici e
entrou para a política aos 29 anos de idade no cargo de Secretário
da Segunda Chancelaria. Nesse cargo, Maquiavel observou o
comportamento de grandes nomes da época e a partir dessa experiência
retirou alguns postulados para a sua obra. Depois de servir em
Florença durante catorze anos foi afastado e escreveu as suas
principais obras. Conseguiu também algumas missões de pequena
importância, mas jamais voltou ao seu antigo posto como desejava.
Como
renascentista, Maquiavel utilizou-se de autores
e conceitos da Antiguidade Clássica de
maneira nova. Um dos principais autores foi Tito
Lívio,
além de outros lidos através de traduções latinas,
e entre os conceitos apropriados por ele, encontram-se o de virtù e
o de fortuna.
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sábado, 20 de junho de 2015
Golo
Os
meninos
Que
jogam à bola na minha rua
Jogam
com o Sol
E
os pés dos meninos
São
pés de alegria e de vento
A
baliza uma nuvem tonta
À
toa
Na
luz do dia
E
eu olho os meninos e a bola
Que
voa
E
ouço os meninos gritar: Go…o…lo!...
E
não há perder nem ganhar
Só
perde quem os olhos dos meninos
Não
puder olhar.
Matilde Rosa Araújo
quinta-feira, 18 de junho de 2015
No coração, talvez
No
coração, talvez, ou diga antes:
Uma ferida rasgada de
navalha,
Por onde vai a vida, tão mal gasta.
Na
total consciência nos retalha.
O desejar, o querer, o não
bastar,
Enganada procura da razão
Que o acaso de
sermos justifique,
Eis o que dói, talvez no coração.
José
Saramago, in Os Poemas Possíveis
terça-feira, 16 de junho de 2015
Professora inútil
É
do conhecimento público que o senhor Miguel de Sousa Tavares
considerou professores os inúteis mais bem pagos deste país. Espantar-me-ia uma afirmação tão generalista e imoral, não
conhecesse já outras afirmações que não diferem muito desta, quer
na forma, quer na índole. Não lhe parece que há inúteis, que
fazem coisas inúteis e escrevem coisas inúteis, que são pagos a
peso de ouro? Não lhe parece que deveria ter dirigido as suas
aberrações a gente que, neste deprimente país, tem mais do que uma
sinecura e assim enche os bolsos? Não será esse o seu caso? O que
escreveu é um atentado à cultura portuguesa, à educação e aos
seus intervenientes, alunos e professores. Alunos e professores de
ontem e de hoje, porque eu já fui aluna, logo de ‘inúteis’,
como o senhor também terá sido. Ou pensa hoje de forma diferente
para estar de acordo com o sistema?
O
senhor tem filhos? – a minha ignorância a este respeito deve-se ao
facto de não ser muito dada a ler revistas cor-de-rosa. Se os tem, e
se estudam, teve, por acaso, a frontalidade de encarar os seus
professores e dizer-lhes que ‘são os inúteis mais bem pagos do
país.’? Não me parece… Estudam os seus filhos em escolas
públicas ou privadas? É que a coisa muda de figura! Há escolas
privadas onde se pagam substancialmente as notas dos alunos, que os
professores ‘inúteis’ são obrigados a atribuir. A alarvidade
que escreveu, além de ser insultuosa, revela muita ignorância em
relação à educação e ao ensino. E, quem é ignorante, não deve
julgar sem conhecimento de causa. Sei que é escritor, porém nunca
li qualquer livro seu, por isso não emito julgamentos sobre aquilo
que desconheço. Entende ou quer que a professora explique de
novo?
Sou
professora de Português com imenso prazer. Oxalá nunca nenhuma das
suas obras venha a integrar os programas da disciplina, pois acredito
que nenhum dos ‘inúteis’ a que se referiu a leccionasse com
prazer. Com prazer e paixão tenho leccionado, ao longo dos meus
vinte e sete anos de serviço, a obra de sua mãe, Sophia de Mello
Breyner Andersen, que reverencio. O senhor é a prova inequívoca que
nem sempre uma sã e bela árvore dá são e belo fruto. Tenho
dificuldade em interiorizar que tenha sido ela quem o ensinou a
escrever. A sua ilustre mãe era uma humanista convicta. Que pena não
ter interiorizado essa lição! A lição do humanismo que não julga
sem provas! Já visitou, por acaso, alguma escola pública? Já se
deu ao trabalho de ler, com atenção, o documento sobre a avaliação
dos professores? Não, claro que não. É mais cómodo fazer
afirmações bombásticas, que agitem, no mau sentido, a opinião
pública, para assim se auto-publicitar.
Sei
que, num jornal desportivo, escreve, de vez em quando, umas crónicas
e que defende muito bem o seu clube. Alguma vez lhe ocorreu, quando o
seu clube perde, com clubes da terceira divisão, escrever que ‘os
jogadores de futebol são os inúteis mais bem pagos do país.’?
Alguma vez lhe ocorreu escrever que há dirigentes desportivos que
‘são os inúteis’ mais protegidos do país? Presumo que não, e
não tenho qualquer dúvida de que deve entender mais de futebol do
que de Educação. Alguma vez lhe ocorreu escrever que os advogados
‘são os inúteis mais bem pagos do país’? Ou os políticos?
Não, acredito que não, embora também não tenha dúvidas de que
deve estar mais familiarizado com essas áreas. Não tenho nada
contra os jogadores de futebol, nada contra os dirigentes
desportivos, nada contra os advogados.
Porque
não são eles que me impedem de exercer, com dignidade, a minha
profissão. Tenho sim contra os políticos arrogantes, prepotentes,
desumanos e inúteis, que querem fazer da educação o caixote do
(falso) sucesso para posterior envio para a Europa e para o mundo.
Tenho contra pseudo-jornalistas, como o senhor, que são, juntamente
com os políticos, ‘os inúteis mais bem pagos do país’, que se
arvoram em salvadores da pátria, quando o que lhes interessa é o
seu próprio umbigo.
Assim
sendo, Sr. Miguel de Sousa Tavares, informe-se, que a informaçãozinha
é bem necessária antes de ‘escrevinhar’ alarvices sobre quem dá
a este país, além de grandes lições nas aulas, a alunos que são
a razão de ser do professor, lições de democracia ao país. Mas o
senhor não entende! Para si, democracia deve ser estar do lado de
quem convém.
Por
isso, não posso deixar de lhe transmitir uma mensagem com que
termina um texto da sua sábia mãe:
‘Perdoai-lhes,
Senhor Porque eles sabem o que fazem.’
Ana
Maria Gomes
Escola
Secundária de Barcelos
domingo, 14 de junho de 2015
Tirania
As
ditaduras fomentam a opressão, as ditaduras fomentam o servilismo,
as ditaduras fomentam a crueldade; mas o mais abominável é que elas
fomentam a idiotice.
Jorge Luis Borges
sábado, 13 de junho de 2015
Liberdade
Amo
a liberdade, por isso deixo as coisas que amo livres. Se elas
voltarem é porque as conquistei. Se não voltarem é porque nunca as
possuí.
John Lennon
sexta-feira, 5 de junho de 2015
Mundo
Há
coisas encerradas dentro dos muros que, se saíssem de repente para a
rua e gritassem, encheriam o mundo.
Federico García Lorca
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