Que
língua estrangeira é esta
que
me roça a flor do ouvido,
um
vozear sem sentido
que
nenhum sentido empresta?
Sussurro
de vago tom,
reminiscência
de esfinge,
voz
que se julga, ou se finge
sentindo,
e é apenas som.
Contracenamos
por gestos,
por
sorrisos, por olhares,
rodeios
protocolares,
cumprimentos
indigestos,
firmes
aperto de mão,
passeiso
de braço dado,
mas
por som articulado,
por
palavras, isso não.
Antes
morrer atolado
na
mais negra solidão.
António Gedeão
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