Blimunda de
Jesus é uma mulher do povo, a quem o Padre Bartolomeu, batiza de
“Sete Luas”;
Possui o dom
de, em jejum, ver o interior das pessoas e das coisas, o que lhe
permite recolher as duas mil “vontades” indispensável para o
funcionamento da passarola; (página 79/80)
Esta mulher
representa a força que permite ao povo a sua sobrevivência, assim
como a contestação do poder e resistência;
É detentora
de grande densidade psicológica e de uma perseverança sem limites;
Esta
personagem vive um amor apaixonado, franco e leal com Baltasar; é o
seu complemento.
Simbolicamente,
o nome da personagem acaba por funcionar como uma espécie de reverso
do de Baltasar;
Para além da
presença do sete, Sol e Lua completam-se: são a luz e a sombra que
compõem o dia – Baltasar e Blimunda são, pelo amor que os une, um
só;
A relação
entre os dois é também subversiva porque não existe casamento
oficial e porque os dois têm os mesmos direitos, facto improvável
em pleno século XVIII;
Blimunda tem
uma grande firmeza interior, uma forma de oferecer-se em silêncio e
de aceitar a vida e os seus desígnios sem orgulho nem submissão,
com a naturalidade de quem sabe onde está e para quê.
Personagem em Memorial do Convento de José Saramago
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