Aquela,
que eu adoro, não é feita
De
lírios nem de rosas purpurinas,
Não
tem as formas languidas, divinas
Da
antiga Vénus de cintura estreita...
Não
é a Circe, cuja mão suspeita
Compõe
filtros mortaes entre ruinas,
Nem
a Amazona, que se agarra ás crinas
D'um
corcel e combate satisfeita...
A
mim mesmo pergunto, e não atino
Com
o nome que dê a essa visão,
Que
ora amostra ora esconde o meu destino...
É
como uma miragem, que entrevejo,
Ideal,
que nasceu na solidão,
Nuvem,
sonho impalpável do Desejo...
Antero de Quental, in Sonetos
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