domingo, 29 de junho de 2014

Os amantes sem dinheiro

Tinham o rosto aberto a quem passava.
Tinham lendas e mitos
e frio no coração.
Tinham jardins onde a lua passeava
de mãos dadas com a água
e um anjo de pedra por irmão.

Tinham como toda a gente
o milagre de cada dia
escorrendo pelos telhados;
e olhos de oiro
onde ardiam
os sonhos mais tresmalhados.

Tinham fome e sede como os bichos,
e silêncio
à roda dos seus passos.
Mas a cada gesto que faziam
um pássaro nascia dos seus dedos
e deslumbrado penetrava nos espaços.
Eugénio de Andrade

sábado, 28 de junho de 2014

E por vezes as noites duram meses

E por vezes as noites duram meses
E por vezes os meses oceanos
E por vezes os braços que apertamos
nunca mais são os mesmos. E por vezes

encontramos de nós em poucos meses
o que a noite nos fez em muitos anos
E por vezes fingimos que lembramos
E por vezes lembramos que por vezes

ao tomarmos o gosto aos oceanos
só o sarro das noites não dos meses
lá no fundo dos copos encontramos

E por vezes sorrimos ou choramos
E por vezes por vezes ah por vezes
num segundo se evolam tantos anos.
David Mourão-Ferreira

sexta-feira, 27 de junho de 2014

Súplica


Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga


quinta-feira, 26 de junho de 2014

Sonhos

Às vezes construímos sonhos em cima de grandes pessoas... O tempo passa... e descobrimos que grandes mesmo eram os sonhos e as pessoas pequenas demais para torná-los reais!
Bob Marley

terça-feira, 24 de junho de 2014

Batalha de S. Mamede

“Na era de 1166 [ano de 1128], no mês de Junho, na festa de S. João Batista, o ínclito Infante D. Afonso, filho do conde Henrique e da rainha D. Teresa, neto do grande imperador da Hispânia, D. Afonso, com o auxílio do Senhor e por clemência divina, e também graças ao seu esforço e persistência, mais do que à vontade e ajuda dos parentes, apoderou-se com mão forte do reino de Portugal. Com efeito, tendo morrido seu pai, o conde D. Henrique, quando ele era ainda criança de dois ou três anos, certos [indivíduos] indignos e estrangeiros pretendiam [tomar conta] do reino de Portugal; sua mãe, a rainha D. Teresa, favorecia-os, porque queria, também, por soberba, reinar em vez de seu marido, e afastar o filho do governo do reino. Não querendo de modo algum, suportar uma ofensa tão vergonhosa, pois era já então de maior idade e de bom carácter, tendo reunido os seus amigos e os mais nobres de Portugal, que preferiam, de longe, ser governados por ele, do que por sua mãe ou por [pessoas] indignas e estrangeiras. Acometeu-os numa batalha no campo de S. Mamede, que é perto do castelo de Guimarães e, tendo-os vencido e esmagado, fugiram diante deles e prendeu-os. [Foi então que] se apoderou do principado e da monarquia do reino de Portugal.”
in Dom Afonso Henriques, José Mattoso, Círculo de Leitores, 2006, página 45 

segunda-feira, 23 de junho de 2014

Viajar pela leitura


Viajar pela leitura
sem rumo, sem intenção.
Só para viver a aventura
que é ter um livro nas mãos.
É uma pena que só saiba disso
quem gosta de ler.
Experimente!
Assim sem compromisso,
você vai me entender.
Mergulhe de cabeça
na imaginação!
Clarice Pacheco


sexta-feira, 20 de junho de 2014

O menino do bule

O Bebé buliu no bule de loiça
Que estava em cima da mesa
E a mãe ralhou:
-Não se bole no bule, Bebé!
O bule é para o chá e o bebé só bebe leite!
O bule olhou para o Bebé com bondade
E estendeu-lhe a asa
E bichanou, pelo bico, muito baixinho
Ao ouvido da mãe do Bebé:
- Eu também posso ser bule de leite…
Deita-me leite para o Bebé beber…
A Mãe sorriu:
- Pode ser…
O bule brilhou de alegria branca de loiça
E o Bebé buliu no bule, devagarinho,
E não se calava: Blá! Blá! Blá!
E bebeu, bebeu, bebeu
O leite do bule bulido.
Matilde Rosa Araújo

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Felipe VI de Bourbon

Moderno e discreto, Felipe VI de Bourbon foi educado durante toda a sua vida para tornar-se chefe de Estado, uma responsabilidade que assume hoje, aos 46 anos, sucedendo ao seu pai Juan Carlos I. Casado com a jornalista Letizia Ortiz e pai de duas filhas, Felipe é considerado o herdeiro mais bem preparado da História da Espanha. 
Felipe é o terceiro filho de Juan Carlos e Sofia. Nasceu na clínica de Nossa Senhora de Loreto, em Madrid, no dia 30 de janeiro de 1968, quando o ditador Francisco Franco ainda governava a Espanha.
Juan Carlos assumiu o cargo de chefe de Estado após a morte de Franco, em 1975, e Felipe  tornou-se automaticamente o herdeiro do trono. Em 1977,  recebeu o título de príncipe de Astúrias. Há anos, representa a Espanha nas posses de presidentes latino-americanos.
Felipe cursou estudos militares em Zaragoza. Em 1993, formou-se em direito, estudando também diversas matérias no curso de Ciências Económicas da Universidade Autónoma de Madrid. Além do espanhol, fala catalão, inglês, francês, português e grego.
Entre 1993 e 1995, concluiu um mestrado em Relações Internacionais na Universidade de Georgetown, em Washington, nos Estados Unidos. Após finalizar os seus estudos, começou a desenvolver um amplo papel institucional como herdeiro da coroa.
Ao casar-se com Letizia, Felipe rompeu uma longa tradição de casamento entre famílias de sangue azul. Eles são pais de duas filhas: Leonor e Sofia. Teoricamente, Leonor será agora a futura princesa de Astúrias e herdeira do trono, mas a Espanha deverá reformar a sua constituição, que ainda coloca o homem à frente das mulheres na linha de sucessão.
Piloto de helicóptero e jogador de futebol amador, Felipe gosta de praticar desporto, uma tradição da família real. Participou dos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992, com a equipa de vela, e carregou a bandeira da Espanha na cerimónia de abertura.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Abordar um texto poético

Abordar um texto poético, qualquer que seja o grau de profundidade ou amplitude da leitura, pressupõe, e ouso dizer que pressuporá sempre, uma certa incomodidade de espírito, como se uma consciência paralela observasse com ironia a inanidade relativa de um trabalho de desocultação que, estando obrigado a organizar, no complexo sistema capilar do poema, um itinerário contínuo e uma univocidade coerente, ao mesmo tempo se obriga a abandonar as mil e uma probabilidades oferecidas pelos outros itinerários, apesar de estar ciente de antemão de que só depois de os ter percorrido a todos, a esses e àquele que escolheu, é que acederia ao significado último do texto, podendo suceder que a leitura alegadamente totalizadora assim obtida viesse só a servir para acrescentar à rede sanguínea do poema uma ramificação nova, e impor portanto a necessidade de uma nova leitura. Todos carpimos a sorte de Sísifo, condenado a empurrar pela montanha acima uma sempiterna pedra que sempiternamente rolará para o vale, mas talvez que o pior castigo do desafortunado homem seja o de saber que não virá a tocar nem a uma só das pedras ao redor, inúmeras, que esperam o esforço que as arrancaria à imobilidade. 
Não perguntamos ao sonhador por que está sonhando, não requeremos do pensador as razões do seu pensar, mas de um e de outro quereríamos conhecer aonde os levaram, ou levaram eles, o pensamento e o sonho, aquela pequena constelação de brevidades a que costumamos chamar conclusões. Porém, ao poeta — sonho e pensamento reunidos —, ao poeta não se lhe há-de exigir que nos venha explicar os motivos, desvendar os caminhos e assinalar os propósitos. O poeta, à medida que avança, apaga os rastos que foi deixando, cria atrás de si, entre os dois horizontes, um deserto, razão por que o leitor terá de traçar e abrir, no terreno assim alisado, uma rota sua, pessoal, que no entanto jamais coincidirá, jamais se justaporá à do poeta, única e finalmente indevassável. Por sua vez, o poeta, tendo varrido os sinais que durante um momento marcaram não só o carreiro por onde veio mas também as hesitações, as pausas, as medições da altura do Sol, não saberia dizer-nos por que caminho chegou aonde agora se encontra, parado no meio do poema ou já no fim dele. Nem o leitor pode repetir o percurso do poeta, nem o poeta poderá reconstituir o percurso do poema: o leitor interrogará o poema feito, o poeta não pode senão renunciar a saber como o fez.

José Saramago, in Cadernos de Lanzarote (1994)

terça-feira, 17 de junho de 2014

Laços

Quando dás de ti, quando sofres pelos outros, crias laços. E desse modo estabeleces, ou descobres, o teu sentido. Passas a ter pontos de referência. Estás localizado e sabes para onde deves ir.
Paulo Geraldo

segunda-feira, 16 de junho de 2014

Noite apressada

Era uma noite apressada
depois de um dia tão lento.
Era uma rosa encarnada
aberta nesse momento.
Era uma boca fechada
sob a mordaça de um lenço.
Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!

Imensa, a casa perdida
no meio do vendaval;
imensa, a linha da vida
no seu desenho mortal;
imensa, na despedida,
a certeza do final.

Era uma haste inclinada
sob o capricho do vento.
Era a minh'alma, dobrada,
dentro do teu pensamento.
Era uma igreja assaltada,
mas que cheirava a incenso.
Era afinal quase nada,
e tudo parecia imenso!

Imensa, a luz proibida
no centro da catedral;
imensa, a voz diluída
além do bem e do mal;
imensa, por toda a vida,
uma descrença total!

David Mourão-Ferreira, in  À Guitarra e à Viola

domingo, 15 de junho de 2014

Almada Negreiros

Escritor e artista plástico, José Sobral de Almada Negreiros nasceu em S. Tomé e Príncipe a 7 de abril de 1893. Foi um dos fundadores da revista “Orpheu”(1915), veículo de introdução do modernismo em Portugal, onde conviveu de perto com Fernando Pessoa. Além da literatura e da pintura a óleo, Almada desenvolveu ainda composições coreográficas para ballet. Trabalhou em tapeçaria, gravura, pintura mural, caricatura, mosaico, azulejo e vitral. Faleceu a 15 de junho de 1970 no Hospital de S. Luís dos Franceses, em Lisboa, no mesmo quarto onde morrera o seu amigo Fernando Pessoa.

sábado, 14 de junho de 2014

Ditaduras

As ditaduras fomentam a opressão, as ditaduras fomentam o servilismo, as ditaduras fomentam a crueldade; mas o mais abominável é que elas fomentam a idiotia.
Jorge Luis Borges

                              http://acasacheia.com/2013/11/04/colorindo-o-prato-rainbow-food/

quinta-feira, 12 de junho de 2014

CEE

Em 12 de junho de 1985 Portugal assinou o tratado de adesão à Comunidade Económica Europeia (CEE). O primeiro-ministro Mário Soares liderou a comitiva que formalizou, no Mosteiro dos Jerónimos, a entrada do país no projeto europeu. 

Portugal atravessava uma grave crise financeira, acentuada pela recessão da economia mundial. Após a revolução de 25 de Abril de 1974, e a perda do mercado colonial, mantinha uma grande dependência externa. É nesse contexto que o país se aproxima do mercado europeu, fazendo o pedido de adesão à CEE em 1977. É só na década seguinte que esse pedido se concretiza em simultâneo com a Espanha, naquele que foi o terceiro alargamento do grupo europeu.

A Comunidade Económica Europeia faz parte do processo de formação do que hoje é a União Europeia, que teve na sua origem, a intenção de fomentar o progresso económico, a liberdade e uma paz duradoura entre os estados vizinhos da Europa.
Teve início em 1950 na Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (CECA) com seis países fundadores: Alemanha, Bélgica, Itália, França, Luxemburgo e os Países Baixos, que deram os primeiros passos para a união dos países da Europa.

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Vida

A vida é para nós o que concebemos dela. Para o rústico cujo campo lhe é tudo, esse campo é um império. Para o César cujo império lhe ainda é pouco, esse império é um campo. O pobre possui um império; o grande possui um campo. Na verdade, não possuímos mais que as nossas próprias sensações; nelas, pois, que não no que elas veem, temos que fundamentar a realidade da nossa vida.
Fernando Pessoa

terça-feira, 10 de junho de 2014

Luís Vaz de Camões

Foi um poeta de Portugal, considerado uma das maiores figuras da literatura em língua portuguesa e um dos grandes poetas do Ocidente.
Pouco se sabe com certeza sobre a sua vida. Aparentemente nasceu em Lisboa, em 1524, de uma família da pequena nobreza e morreu na mesma cidade no dia 10 de junho de 1580. Sobre a sua infância tudo é conjetura mas, ainda jovem, terá recebido uma sólida educação nos moldes clássicos, dominando o latim e conhecendo a literatura e a história antigas e modernas. Pode ter estudado na Universidade de Coimbra, mas a sua passagem pela escola não é documentada. Frequentou a corte de Dom João III, iniciou a sua carreira como poeta lírico e envolveu-se, como narra a tradição, em amores com damas da nobreza e possivelmente plebeias, além de levar uma vida boémia e turbulenta. Diz-se que, por conta de um amor frustrado, partiu para África, alistado como militar, onde perdeu um olho numa batalha. Voltando a Portugal, feriu um servo do Paço e foi preso. Perdoado, partiu para o Oriente. Passando lá vários anos, enfrentou uma série de adversidades, foi preso várias vezes, combateu ao lado das forças portuguesas e escreveu a sua obra mais conhecida, a epopeia Os Lusíadas. De volta à pátria, publicou-a e recebeu uma pequena tença do rei Dom Sebastião pelos serviços prestados à Coroa, mas nos seus anos finais parece ter enfrentado dificuldades para se manter.
Logo após a sua morte a sua obra lírica foi reunida na coletânea Rimas, tendo deixado também três obras de teatro cómico. Enquanto viveu queixou-se várias vezes de alegadas injustiças que sofrera, e da escassa atenção que a sua obra recebia, mas pouco depois de falecer a sua poesia começou a ser reconhecida como valiosa e de alto padrão estético por vários nomes importantes da literatura europeia, ganhando prestígio sempre crescente entre o público e os conhecedores e influenciando gerações de poetas em vários países. Camões foi um renovador da língua portuguesa e fixou-lhe um duradouro cânone; tornou-se um dos mais fortes símbolos de identidade da sua pátria e é uma referência para toda a comunidade lusófona internacional. Hoje a sua fama está solidamente estabelecida e é considerado um dos grandes vultos literários da tradição ocidental, sendo traduzido para várias línguas e tornando-se objeto de uma vasta quantidade de estudos críticos.
Por ser considerado um dos maiores poetas portugueses de todos os tempos, o dia da sua morte foi escolhido para celebrar o Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

sexta-feira, 6 de junho de 2014

D. João III - O Piedoso

Nos primeiros anos do seu reinado, D. João III continuou com uma política de expansão, o que resultou em os portugueses serem os primeiros europeus a atingirem a China e o Japão. No entanto, par que Portugal pudesse continuar na posse e administração dos locais por si descobertos, era necessário enviar constantemente homens e embarcações a esses locais, o que ficava muitíssimo caro. Além disso, com o reforço do império Otomano, os turcos começaram a atacar o monopólio comercial português na Índia. Por isso, D. João III decidiu abandonar diversas praças comerciais do Norte de África, que eram alvo constante dos ataques dos muçulmanos.
Para contrabalançar estas perdas, D. João III avança com a exploração e o povoamento do Brasil através do sistema de capitanias. Mais tarde, visto que o Brasil era constantemente alvo de ataques de outras nações europeias, ele decide criar aí o cargo de governador geral para o qual destaca Tomé de Sousa.

Com Espanha, ele promoveu uma série de alianças através de casamentos, casando ele próprio com D. Catarina, dando D. Isabel como esposa a Carlos V e D. Maria a Filipe II, assegurando assim a paz entre estes dois povos vizinhos.
Com França, D. João III manteve-se neutro no que diz respeito à guerra com Espanha, mas manteve-se firme contra os ataques dos corsários franceses.
Com Roma, D. João III consegue um fortalecimento das relações por introduzir em Portugal a Inquisição (que já havia sido pedida anteriormente por D. Manuel I) e com a adesão do clero português à Contra-reforma.
Com a Inglaterra, a Flandres e os países do Báltico, D. João III intensificou as relações comerciais.

A nível cultural, com o apoio de D. João III, Portugal aderiu à cultura humanista. Nas letras, sobressaíram-se Gil Vicente, Garcia de Resende, Sá de Miranda, Bernardim Ribeiro, João de Barros e principalmente Luís de Camões. Nas ciências destacaram-se Pedro Nunes e Garcia de Orta.
Na educação, D. João III atribuiu bolsas de estudo a vários jovens portugueses em países estrangeiros, transferiu definitivamente a Universidade para Coimbra, tornou-se o fundador de diversos colégios, e ainda, admitiu e apoiou os Jesuítas em Portugal, de forma a alargar o ensino pelo país.

É debaixo do reinado de João III que são enviados os primeiros missionários portugueses para a evangelização dos povos das terras administradas por Portugal. Desses destacaram-se São Francisco Xavier, enviado para o Oriente, e o padre Manuel da Nóbrega que foi enviado para o Brasil.

Apesar de ser um homem muito religioso (daí o cognome Piedoso), D. João III é descrito por muitos como um homem infeliz, visto que tendo sido pai de dez filhos, viu todos estes morrerem ainda enquanto era vivo, o que punha em causa a sucessão ao trono.
No entanto, um dos seus filhos, o príncipe D. João, viveu ainda o tempo suficiente para se casar e dar à luz um filho, vindo a falecer quando a sua esposa estava prestes a dar à luz D. Sebastião, que nasceu em janeiro de 1554.

Hoje, podemos encontrar o túmulo de D. João III no Mosteiro dos Jerónimos.

terça-feira, 3 de junho de 2014

Franz Kafka

A 3 de Junho de 1924, morre, vitimado pela tuberculose, num sanatório em Kierling, perto de Viena de Áustria, Franz Kafka, escritor de língua alemã nascido em Praga, numa família da classe média judia. Entre as suas obras mais significativas, destacamos "A Metamorfose" (1915) que narra o caso de um homem que acorda transformado num gigantesco inseto e "O Processo" (1925) que conta a história de um certo Josef K., julgado e condenado por um crime que ele mesmo ignora.

segunda-feira, 2 de junho de 2014

Catarina de Bragança

Com 23 anos a infanta Catarina de Bragança, filha de D. Luísa de Gusmão e de D. João IV, deixou para trás tudo o que lhe era querido e próximo para navegar rumo a uma vida nova. No coração um misto de tristeza e alegria. Saudades da sua Lisboa, de Vila Viçosa, do cheiro a laranjas, dos seus irmãos que já haviam partido deste mundo e dos que ficavam em Portugal a lutar pelo poder. Mas os seus olhos escuros deixavam perceber o entusiasmo pelo casamento com o homem dos seus sonhos, Charles de Inglaterra, um príncipe encantado que Catarina amava perdidamente ainda antes de o conhecer. Por ele sofreu num país do qual desconhecia a língua, os costumes e onde a sua religião era condenada. Assistiu às infidelidades do marido, ao nascimento dos seus filhos bastardos enquanto o seu ventre permanecia liso e seco, incapaz de gerar o tão desejado herdeiro. Catarina não conseguiu cumprir o único objetivo que como mulher e rainha lhe era exigido. Se ao menos não o amasse tanto!, pensava nas noites mais longas e tristes...

domingo, 1 de junho de 2014

Feliz como uma criança

Oh! A idade venturosa da infância! Onde há outra mais feliz e mais tranquila, mais sorridente - isto é, mais egoísta?... Em volta de nós podem suceder as piores catástrofes. Se elas nos não arrancam nem os brinquedos nem os bolos, não nos atingem de forma alguma... não as compreendemos sequer...

Quando muito, correm-nos lágrimas vendo chorar as nossas mães. No entanto, é só ainda vagamente que percebemos a dor humana. Por isso as nossas lágrimas secam depressa diante dos brinquedos. E se o quadro em que nos agitamos é risonho, a infância transforma-se-nos então num jardim maravilhoso. Para as crianças felizes, só para elas, existe realmente um céu - o céu dos seus primeiros anos.
Mário de Sá-carneiro