Com
23 anos a infanta Catarina de Bragança, filha de D. Luísa de Gusmão
e de D. João IV, deixou para trás tudo o que lhe era querido e
próximo para navegar rumo a uma vida nova. No coração um misto de
tristeza e alegria. Saudades da sua Lisboa, de Vila Viçosa, do
cheiro a laranjas, dos seus irmãos que já haviam partido deste
mundo e dos que ficavam em Portugal a lutar pelo poder. Mas os seus
olhos escuros deixavam perceber o entusiasmo pelo casamento com o
homem dos seus sonhos, Charles de Inglaterra, um príncipe encantado
que Catarina amava perdidamente ainda antes de o conhecer. Por ele
sofreu num país do qual desconhecia a língua, os costumes e onde a
sua religião era condenada. Assistiu às infidelidades do marido, ao
nascimento dos seus filhos bastardos enquanto o seu ventre permanecia
liso e seco, incapaz de gerar o tão desejado herdeiro. Catarina não
conseguiu cumprir o único objetivo que como mulher e rainha lhe era
exigido. Se ao menos não o amasse tanto!, pensava nas noites mais
longas e tristes...
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