sábado, 9 de agosto de 2014

Ode à Paz

Pela verdade, pelo riso, pela luz, pela beleza, 
Pelas aves que voam no olhar de uma criança, 
Pela limpeza do vento, pelos atos de pureza, 
Pela alegria, pelo vinho, pela música, pela dança, 
Pela branda melodia do rumor dos regatos, 


Pelo fulgor do estio, pelo azul do claro dia, 
Pelas flores que esmaltam os campos, pelo sossego dos pastos, 
Pela exatidão das rosas, pela Sabedoria, 
Pelas pérolas que gotejam dos olhos dos amantes, 
Pelos prodígios que são verdadeiros nos sonhos, 
Pelo amor, pela liberdade, pelas coisas radiantes, 
Pelos aromas maduros de suaves outonos, 
Pela futura manhã dos grandes transparentes, 
Pelas entranhas maternas e fecundas da terra, 
Pelas lágrimas das mães a quem nuvens sangrentas 
Arrebatam os filhos para a torpeza da guerra, 
Eu te conjuro ó paz, eu te invoco ó benigna, 
Ó Santa, ó talismã contra a indústria feroz. 
Com tuas mãos que abatem as bandeiras da ira, 
Com o teu esconjuro da bomba e do algoz, 
Abre as portas da História, 

                                              deixa passar a Vida!

Natália Correia, Inéditos (1985/1990)


segunda-feira, 4 de agosto de 2014

First official Missile Mail

O Diário Popular de 4 de Agosto de 1959, anunciava que, «há dias, foi lançado de bordo do submarino Barbéro, a 100 milhas da costa da Florida, um míssil tipo Regulus contendo três mil sobrescritos com o carimbo “First official Missile Mail». Vinte e dois minutos depois, o engenho, que não era propulsionado por um foguete mas sim por um motor a jato vulgar e logo se comportava como um verdadeiro avião sem piloto, pousava na base de Mayport, onde era aguardado por muito público e pelo correio-mor». 

domingo, 3 de agosto de 2014

Anátema

Anátema significa excomunhão, execração, maldição, reprovação enérgica. Do grego “Anáthema” (coisa posta de lado), formada da preposição “aná” (de lado) mais “tithemí” (colocar).
Anátema é uma palavra canónica (relativa às regras da igreja) que se refere à condenação de uma doutrina contrária a qualquer verdade do Evangelho de Cristo.
Anátema é a expulsão, a condenação, a excomunhão e execração, do seio da Igreja, de qualquer pessoa que segue doutrina contrária à verdade da fé católica. Os adjetivos excomungado, maldito e amaldiçoado, qualificam aqueles indivíduos que condenam o património da fé católica.

sábado, 2 de agosto de 2014

Que o amor não me engane


Que amor não me engana
Com a sua brandura
Se de antiga chama
Mal vive a amargura

Duma mancha negra
Duma pedra fria
Que amor não se entrega
Na noite vazia

E as vozes embarcam
Num silêncio aflito
Quanto mais se apartam
Mais se ouve o seu grito

Muito à flor das águas
Noite marinheira
Vem devagarinho
Para a minha beira

Em novas coutadas
Junto de uma hera
Nascem flores vermelhas
Pela primavera

Assim tu souberas
Irmã cotovia
Dizer-me se esperas
O nascer do dia
Zeca Afonso

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A Guerra Peninsular

A Guerra Peninsular, também conhecida em Portugal como as Invasões Francesas e em Espanha como Guerra da Independência Espanhola, sucedeu no início do século XIX, entre 1807 e 1814 na Península Ibérica, inserindo-se nas chamadas Guerras Napoleónicas. A princípio, envolveu Espanha e França, de um lado; Portugal e Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, do outro. Porém, a guerra teve repercussões além da Europa, influindo na independência das colónias da América Latina. Sob o comando do General Junot, as tropas francesas entram em Espanha a 18 de outubro de 1807, tendo atingido a fronteira portuguesa a 20 de novembro. A 30 do mesmo mês, chegam a Lisboa. A Família Real e a corte portuguesa haviam fugido, no dia anterior, para o Brasil, a bordo de uma esquadra naval, protegida por naus britânicas, e levando consigo cerca de 15 mil pessoas, deixando o governo do território europeu de Portugal nas mãos de uma regência, com instruções para não resistir aos invasores. Ficava, assim, vazio de conteúdo o decreto de Napoleão dando como banida a Casa de Bragança do trono de Portugal. A 1 de agosto de 1808, com o desembarque de tropas britânicas na Figueira da Foz, comandadas pelo Duque de Wellington e a sua posterior junção às forças de Bernardino Freire, comandante do exército português em Montemor-o-Velho, tem início a guerra Peninsular.