domingo, 13 de julho de 2014

Carlos da Maia


É a personagem principal de "Os Maias", que muitos consideram um romance de personagem, centrado precisamente em Carlos da Maia. É filho de Pedro da Maia e Maria Monforte, mas nunca teve contacto com os pais, exceto quando era ainda muito criança.  Depois da fuga de Maria Monforte, e o suicídio do pai, ficou entregue ao cuidados do avô Afonso da Maia. Este dar-lhe-á a educação que não pôde dar ao filho Pedro - educado segundo cânones tradicionais portugueses, por insistência de uma mãe ultra-católica -, já na quinta do Douro, Santa Olávia, onde se refugiou com o neto, deixando ao abandono o Ramalhete. 
Educado à maneira inglesa, com normas rígidas, intensa atividade física, sem os tradicionalismos da "cartilha" católica (que atormentara o seu pai e o pobre Eusebiozinho, representantes da educação portuguesa), Carlos vai tornar-se num belo homem, física e intelectualmente. Carlos é um belo e magnífico rapaz. Alto, bem constituído, de ombros largos, olhos e cabelos negros, pele branca, barba fina, castanha escura, pequena e aguçada no queixo. O bigode arqueado aos cantos da boca. Como diz Eça, ele tem uma fisionomia de "belo cavaleiro da Renascença". 
Carlos é culto, bem educado, de gostos requintados. Ao contrário do seu pai, é corajoso e frontal. Amigo do seu amigo e generoso. Destaca-se na sua personalidade o cosmopolitismo, a sensualidade, o gosto pelo luxo, e diletantismo (incapacidade de se fixar num projeto sério). Forma-se em Medicina, em Coimbra, onde conhece João da Ega, o seu grande amigo.

Todavia, apesar da educação, Carlos fracassa. Não foi devido a esta mas falhou, em parte, por causa do meio onde se instalou – uma sociedade parasita, ociosa, fútil e sem estímulos e também devido a aspetos hereditários – a fraqueza e a cobardia do pai, o egoísmo, a futilidade e o espírito boémio da mãe. Eça quis personificar em Carlos a idade da sua juventude, a que fez a Questão Coimbrã e as Conferências do Casino e que acabou no grupo dos Vencidos da Vida, de que Carlos é um bom exemplo.

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