Naquele
pique-nique de burguesas,
Houve
uma coisa simplesmente bela,
E
que, sem ter história nem grandezas,
Em
todo o caso dava uma aguarela.
Foi
quando tu, descendo do burrico,
Foste
colher, sem imposturas tolas,
A
um granzoal azul de grão-de-bico
Um
ramalhete rubro de papoulas.
Pouco
depois, em cima duns penhascos,
Nós
acampámos, inda o Sol se via;
E
houve talhadas de melão, damascos,
E
pão de ló molhado em malvasia.
Mas,
todo púrpuro a sair da renda
Dos
teus dois seios como duas rolas,
Era
o supremo encanto da merenda
O
ramalhete rubro das papoulas!
Cesário Verde
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