Dá-me
o sol a minha fronte. Doloridos
e chagados meus pés
descalços vão fugindo...
- Memórias dos meus doidos
passos incontidos!
- Ó meu rumor do mundo em pétalas
abrindo!
Ó corças que correis pela tarde desferindo
o
balido ligeiro que alonga os ouvidos...
- Tarde de écloga e
mel silvestre reluzindo...
- Minhas vinhas de vinhos de oiro
não bebidos...
Desfolham-se ilusões e vão-se sem
apegos...
Murchou a flor dos meus desejos com que pude
a
vida transformar em ócios e sossegos...
Que lucrei, eu,
Senhor! com horas execráveis
dum sonho que perdeu meu corpo
de virtude?
- o pródigo que fui dos erros inefáveis!
Luís
de Montalvor, in Antologia Poética
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