Não
temos tempo para ler. Não temos tempo para consolar os
inconsoláveis. Não temos tempo para conversar. Não temos tempo
para amar. Temos demasiados interesses, demasiado trabalho,
demasiadas reuniões, demasiados compromissos. Ou então compras para
fazer. Substituímos o tempo pelos centros comerciais. Trocámo-lo por
bugigangas, moedas, coisas que brilham. Enchemos o tempo para não
olharmos no seu espelho. De repente, quando, por um minuto ou dois,
paramos, não gostamos da imagem que essa paragem nos devolve - a
imagem do que não soubemos ser, da vida que perdemos no meio das mil
coisas que fizemos. Não há cirurgia estética que nos arranque de
cima as pregas do tempo que gastámos em vez de vivermos.
Inês Pedrosa
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