sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

Poesia

A poetização das coisas não é senão o aperfeiçoamento delas. É para isto que se faz poesia e não para com ela se fazer literatura.

Natália Correia

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

Põe-me as Mãos nos Ombros...

Põe-me as mãos nos ombros...

Beija-me na fronte...
Minha vida é escombros,
A minha alma insonte.



Eu não sei por quê,
Meu desde onde venho,
Sou o ser que vê,
E vê tudo estranho.



Põe a tua mão
Sobre o meu cabelo...
Tudo é ilusão.
Sonhar é sabê-lo.


Fernando Pessoa, in Cancioneiro

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

A vida

A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos.


Charlie Chaplin

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Jane Eyre

Jane Eyre é uma bela jovem que ficou órfã quando era bébé e foi viver com a cruel Tia Reed, que somente a acolhe por ter feito uma promessa ao seu falecido marido no leito de morte. A sra. Reed não trata Jane muito bem, o seu filho bate nela frequentemente e ofende-a verbalmente. 
Durante muitos anos, Jane cresce muito infeliz - uma criança triste, doentia e precocemente amadurecida. Finalmente, a sra. Reed farta-se dela. Jane é enviada para o Instituto Lowood, uma instituição de caridade, barata e muito rigorosa, mantida como escola para as filhas dos clérigos.
Jane permanece na escola por mais de oito anos; dois anos após sua chegada, as condições de vida na escola melhoram. Jane faz amizade com Helen Burns e Miss Temple, uma professora, enquanto lá permanece. Estas duas pessoas influenciam fortemente a personalidade de Jane, especialmente em relação à sua filosofia de vida, religião e forma de tratar as outras pessoas...

Personagem central de Jane Eyre, de Charlotte Brontë

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Capitães da areia

É na Baía dos anos 50 que os Capitães da Areia, um grupo de meninos de rua carentes de afetos, de instrução e de comida, vivem de esquemas e pequenas burlas. O seu líder, Pedro Bala, impõe a ordem e é o rei do Trapiche – um armazém abandonado na praia, onde todos os rapazes dormem. Um dia Dora chega e a vida do Trapiche nunca mais será a mesma. Dora irmã, Dora mãe, Dora noiva. O que estes meninos, que tão cedo se fizeram homens, não sabem, é que a vida ainda tem muito para lhes ensinar…

Livro de Jorge Amado


sábado, 22 de fevereiro de 2014

Biografia

Tive amigos que morriam, amigos que partiam
Outros quebravam o seu rosto contra o tempo.
Odiei o que era fácil
Procurei-me na luz, no mar, no vento.  

Sophia de Mello Breyner Andresen


quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Vida

Não temos tempo para ler. Não temos tempo para consolar os inconsoláveis. Não temos tempo para conversar. Não temos tempo para amar. Temos demasiados interesses, demasiado trabalho, demasiadas reuniões, demasiados compromissos. Ou então compras para fazer. Substituímos o tempo pelos centros comerciais. Trocámo-lo por bugigangas, moedas, coisas que brilham. Enchemos o tempo para não olharmos no seu espelho. De repente, quando, por um minuto ou dois, paramos, não gostamos da imagem que essa paragem nos devolve - a imagem do que não soubemos ser, da vida que perdemos no meio das mil coisas que fizemos. Não há cirurgia estética que nos arranque de cima as pregas do tempo que gastámos em vez de vivermos.

Inês Pedrosa

terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Minha alma


E minha alma, sem luz nem tenda,
passa errante, na noite má,
à procura de quem me entenda
e de quem me consolará...
Cecília Meireles




segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

As palavras

Todas as nossas palavras serão inúteis se não brotarem do fundo do coração. 
As palavras que não dão luz aumentam a escuridão.
Madre Teresa de Calcutá


domingo, 16 de fevereiro de 2014

O rapaz do pijama às riscas

Um rapaz de oito anos, Bruno, é o protegido filho de um agente nazi cuja promoção leva a família a sair da sua confortável casa em Berlim para uma despovoada região onde Bruno não encontra nada para fazer nem ninguém com quem brincar. Esmagado pelo aborrecimento e traído pela curiosidade, Bruno ignora os constantes avisos da mãe para não explorar o jardim, por detrás da casa, e dirige-se à quinta que viu ali perto. Nesse local, Bruno conhece Shmuel, um rapaz da sua idade que vive numa realidade paralela, do outro lado da vedação de arame farpado. O encontro de Bruno com este rapaz de pijama às riscas vai arrancá-lo da sua inocência e resultar no despontar da sua consciência sobre o mundo adulto que o rodeia. Os repetidos e secretos encontros com Shmuel desaguam numa amizade com consequências inesperadas e devastadoras.

in http://cinema.sapo.pt/filme/the-boy-in-the-striped-pyjamas


sábado, 15 de fevereiro de 2014

O que eu sinto

O que eu sinto eu não ajo.
O que ajo não penso.
O que penso não sinto.
Do que sei sou ignorante.
Do que sinto não ignoro.
Não me entendo
e ajo como se me entendesse.

Clarice Lispector



sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

O amor

A distância faz ao amor aquilo que o vento faz ao fogo: 
apaga o pequeno, inflama o grande.

Roger Bussy-Rabutin


quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Coração

Se tens coração de ferro, bom proveito.
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo o dia.
Saramago


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Crocodilo de trazer por casa

Aquilo 
do crocodilo 
era uma mania 
que Madame vestia.
Tinha crocodilo para todo o serviço 
– sapato de crocodilo 
– mala de crocodilo
– aplicações de crocodilo 
no casaco e no chapéu.
O crocodilo era todo seu. 
Ao quilo. 
E não se ficou por aqui 
digo eu que vi 
Madame Reaça 
cheia de graça 
tirar um frasco da mala 
e pôr pinguinhos nos olhos 
enquanto explicava 
aos circunstantes 
reverentes 
que não usava óculos 
(isso era dantes) 
usava lentes. 
Só que, no Verão 
não via bem secava-se-lhe a vista 
e, de aí, o expediente 
do frasco lacrimal.

Conclusão a tirar: eram de crocodilo as lágrimas também.

Carlos Pinhão
Bichos de Abril, Editorial Caminho, Lisboa,1977

                                                                                                                                               

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

Homo

Nenhum de vós ao certo me conhece,
Astros do espaço, ramos do arvoredo,
Nenhum adivinhou o meu segredo,
Nenhum interpretou a minha prece...


Ninguem sabe quem sou... e mais, parece
Que ha dez mil annos já, neste degredo,
Me vê passar o mar, vê-me o rochedo
E me contempla a aurora que alvorece...


Sou um parto da Terra monstruoso;
Do humus primitivo e tenebroso
Geração casual, sem pae nem mãe...


Mixto infeliz de trevas e de brilho,
Sou talvez Satanaz;—talvez um filho
Bastardo de Jehová;—talvez ninguem!

Antero de Quental
     (PORTO — IMPRENSA PORTUGUEZA MDCCCLXXX)



segunda-feira, 10 de fevereiro de 2014

O sal da língua

Escuta, escuta: tenho ainda
uma coisa a dizer.
Não é importante, eu sei, não vai
salvar o mundo, não mudará
a vida de ninguém - mas quem
é hoje capaz de salvar o mundo
ou apenas mudar o sentido
da vida de alguém?
Escuta-me, não te demoro.
É coisa pouca, como a chuvinha
que vem vindo devagar.
São três, quatro palavras, pouco
mais. Palavras que te quero confiar,
para que não se extinga o seu lume,
o seu lume breve.
Palavras que muito amei,
que talvez ame ainda.
Elas são a casa, o sal da língua.
Eugénio de Andrade

domingo, 9 de fevereiro de 2014

Majestade

Passa um rei - é o Poeta.
Não pela força de mandar,
Mas pela graça mágica e secreta
De imaginar.

O cetro, a pena - a lançadeira cega
Do seu tear de versos.
O manto, a pele - arminho onde se pega
A lama dos caminhos mais diversos.

Um grande soberano
No seu triste destino
De ser um monstro humano
Por direito divino.

Miguel Torga
 Nihil Sibi, Coimbra Editores



sábado, 8 de fevereiro de 2014

Esta palavra é isto

Esta palavra é uma nuvem,
aquela palavra é uma pétala.

esta palavra é um cântaro,
aquela palavra é uma chama.

Esta palavra é um pássaro,
aquela palavra é um peixe.

Esta palavra é um rosto,
aquela palavra é uma pedra.

Esta palavra é um sino,
aquela palavra é um gesto.

Esta palavra é um anjo,
aquela palavra é um segredo.

Esta palavra é isto,
esta palavra é o que eu quero,
coisa que toco e registo.

João Pedro Mésseder,
Versos com Reversos, Editorial Caminho