Cobertos
de folhagem, na verdura,
O
teu braço ao redor do meu pescoço,
O
teu fato sem ter um só destroço,
O
meu braço apertando-te a cintura;
Num
mimoso jardim, ó pomba mansa,
Sobre
um banco de mármore assentados.
Na
sombra dos arbustos, que abraçados,
Beijarão
meigamente a tua trança.
Nós
havemos de estar ambos unidos,
Sem
gozos sensuais, sem más idéias,
Esquecendo
para sempre as nossas ceias,
E
a loucura dos vinhos atrevidos.
Nós
teremos então sobre os joelhos
Um
livro que nos diga muitas cousas
Dos
mistérios que estão para além das lousas,
Onde
havemos de entrar antes de velhos.
Outras
vezes buscando distração,
Leremos
bons romances galhofeiros,
Gozaremos
assim dias inteiro,
Formando
unicamente um coração.
Beatos
ou apagãos, via à paxá,
Nós
leremos, aceita este meu voto,
O
Flos-Sanctorum místico e devoto
E
o laxo Cavaleiro de Faublas...
Cesário
Verde, in O Livro de Cesário Verde
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